quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A pureza dos seus olhos

Anjo, que me livrou de dores internas. Anjo, que me apareceu trazendo sorrisos, ciúmes e a cor que tanto precisava.
Anjo da bondade, lhe faço uma prece, lhe sigo a cada canto em pensamentos sólidos e bons.
Anjo de luz, a pureza em seus olhos mesmo empunhando um cigarro e um copo de chopp é latente ao que não fuma, não bebe mas é mal e peverso, carrega a maldade nos olhos.
Mas me tira desses olhos meu anjo, me tira dessa chuva com tantos pesos a tiracolor.
Tira meu baton carmim dos lábios, me tire da minha cama e me leve pra sua, me ame como nunca fui, veja através dos meus olhos e roupas molhadas.
Ah, me tire essas roupas molhadas e me faça um chá quente. Estou delirando, me tira essa febre. Me traz sua vida e junte a minha.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A estupida viagem

Acordo, tomo água. Me deito tomo lembranças. Sonho onde tudo que foi passado também foi um sonho. Me encanto, me alegro. Convenhamos, não sou de ferro. Mas me desespero, me entorpeço a cada música cantada com um tom de você, me mato aos poucos como o alcoólatra ou o fumante. Eu morria de medo de tudo, medo de onde poderiamos chegar. Sonho te vendo tão longe, tão avesso ao que foi. Não dói tanto, a diferença que hoje o que eu achava ser dor é como uma grande cratera na terra. Escura, negra e vazia. Não vou dizer que sou tudo isso, mas sinto tudo isso. Fomos tão longe. Pena não ser uma viagem a Paris, pena. Fomos longe, tanto que pra onde fomos não existe passagem. Fomos para o mundo da burrice, da estupidez. Guardo seu bilhete com o número do ônibus que deveria pegar até hoje. Guardo cada não, cada humilhação pra ver se me sinto tão forte, mas nada resolve, nada muda. O Rio continua o mesmo, lembrando cada andança minha num mundo onde o seu já não é meu. Onde ser feliz se tornou obrigação e não opção. Me acostumei a não falar horas e horas por ai com sua parte boa da história. Sonho e estou no seu quarto azul céu procurando algo meu ali, procurando aquela carta cheia de tudo, confusa e onde prometia lhe amar por tanto tempo, ou mais até do que prometi. Não achei, não achei as palavras mais sinceras e mais difíceis que escrevi. Não quero cumprir essa promessa ' sempre te amei, mesmo quando não tinha trabalho descente, te amei ontem, hoje e para sempre' estou me esforçando para não cumprir minha palavra. Acordo, cigarro, rede, lagrima e cratera.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

As cores, a carta e o luto

Ela vem andando nas areias úmidas e fofas. Mal sabe ela que a olho a tanto tempo, desde o seu luto que me parecia eterno. Desde a carta em que escrevia, e soluçava. E cada soluço machucava minha alma. Mas hoje ela está tão leve, mais leve que a brisa que levanta seu vestido e me mostra suas pernas; pernas essas que ela fazia questão de esconder do mundo e de mim. Penso cá comigo 'Ela agora se aceita e se ama do jeito que é'.
Seus olhos um lago profundo e brilhante, mal sabe ela que tem o dom de sorrir com os olhos. Seus lábios com o vermelho qur lhe cai bem, mas ela nem imagina o quanto.
Outra brisa, que bagunça seus negros cabelos e desapruma a rosa presa nele. Mas ela nem liga, a recoloca no lugar e ginga pra lá e pra cá, numa dança só dela, numa dança de andar.
Gosto de lhe ver assim, morena em tantos tons: laranjas, vermelhos, verdes e azuis. Isso é mais você, morena. Sua simpatia me encanta, suas pernas me afligem e me tiram do marasmo. O marasmo dessa janela lateral.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Inspiração

Ela fugiu de mim, como você.
Se foi, e eu que tinha medo de toda essa inspiração que você me trazia quando me ligava da reunião com seu chefe e deixava celular ligado para eu ouvir tudo.
Quando pegava seu violão e cantava as mais lindas canções, a sua humanidade e suas bobagens e seu sorriso pertubador.
Eu sentia medo de tudo tanto, e me via a escrever sobre todas as sensações em que eu sentia.
Hoje você é apenas a personificação da saudade. Sem inspiração, sem nada.
Eu sei dos seus projetos, as pessoas me contam mesmo quando digo -Não me conte. Mas mesmo assim penso comigo - É isso, você vai se dar bem. Porque nos perdemos assim, sem nunca mais nos encontrarmos? porque? Toda noite me deito e falo baixinho
- Boa noite, dorme bem, bons sonhos, eu te amo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O começo do fim.

Durante anos inteiros da minha vida eu não me conheci em nada que pudesse de verdade me fazer aquietar meu coração. Tudo foi turvo e bravo como as ondas do mar. E eu tentei mudar o curso dessas ondas que arrebentariam e com certeza iriam provocar inundações não apenas em minha alma mas em tantas outras.
O que me falta é a lucidez para manter os pés no chão e caminhar, sem medo do antes e do agora também.
Mas é dificil por em prática todas essas coisas sem olhar pra traz é dificil caminhar sem as mãos dadas a mim.
Sinto dores no abdomen, diárias e elas não são as piores. Sento no ônibus e choro todos os dias, alguns perguntam se sinto algo, se sinto dor. Sempre tenho vontade de dizer - Sinto  sim (apontar pro coração) e dizer, sinto aqui. Mas digo sempre - está tudo bem.
Eu sempre digo que está tudo bem, mas não consigo entender. Não consigo entender a frieza das pessoas, a falsidade estampada sorrindo para mim, a falta de amor, o não respeito a minha dor, as pessoas me vêem mas não me olham por dentro, as pessoas as que mais amei duvidam de mim, da clareza em meus olhos, da dor que carrego, das olheiras pertinentes, elas não enchergam a verdade.
Eu sinto medo, e ele me aprisiona ao passado, me aprisiona dentro de mim. E eu queria que todos entendessem essa dor, esse medo de nada ir pra frente como não vai, tenho medo dos olhares que me julgam e me fuzilam todos os dias, tenho medo de ter tanta dor e ninguém entender e ninguém sentir e ninguém perceber. 
A culpa foi minha, não deveria atender aquela primeira ligação me chamando a sua casa, com aquele vestido vermelho estúpido, não deveria ceder naquela noite de 2010, não deveria ir, não deveria fazer, deveria ser a mulher que nunca fui, a mulher linda que você sempre desejou, a mulher forte que sempre sonhou, a mulher magra de cabelos longos e negros. Eu queria ser melhor, eu queria ser alguém que não sou.
Acordo todas as madrugadas, fumo 5 cigarros seguidos e o gosto é amargo. Amargo como a minha alma se tornou. Sinto medo de não ser feliz, sinto medo de viver assim.
A culpa foi minha, foram 2 anjinhos em minha vida e eu os joguei num saco de lixo negro, negro como minha alma.
Sinto vontade de bater na sua porta e chorar tudo que tenho e ai sim, você ter idéia da dor que é carregar 2 cenas como as que carrego. Sinto vontade de gritar, berrar mas a voz falha o medo me cala.
E eu sonho com elas, sonho com eles me pedindo ajuda, mas sou muito fraca pra te contar, sinto sombras negras perto de mim, sinto pessoas me rondando, sinto medo.
Sinto que minha hora passou e queria que fosse verdade.
Não sei o que Deus quer de mim, me fazendo ficar aqui, sentindo tanto tormento, tanta falta de paz. Chego em casa e vejo uma razão pra não desistir, vejo a Carol o milagre divino bem pertinho de mim, rindo sem dentinhos, subo, paro, penso e o medo volta a dor também.
Vejo a foto do Felipe, a criança mais doce que conheço, a criança que se transformou no meu filho, pois o meu amor por ele é um amor de mãe. E ele não me faz desisti.
Dói. Dói a alma, dói o coração e nunca pensei que existiria uma dor assim, sinto falta de um afago e de um - Vai ficar tudo bem. Sinto falta de um abraço e de um - Eu entendo sua dor.
Sinto falta da minha mãe, sinto falta da minha Vó com quem sonho toda noite com o olhar aflito, com os olhos cheios de lágrimas. Sinto falta do meu vô que no ano passado me deixou. Sinto falta da minha velha infância onde brincar era a melhor coisa a se fazer, Sinto falta da minha amiga Rafaela que nasceu comigo e a leucemia a levou.
Sinto que esse é só o começo do fim.
E eu nunca em minha vida achei que me sentiria assim.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Adeus

Seus novos planos que chegaram como uma bomba relógio ao meu coração. Junto com o medo digo, junto com todos os medos.
Medo do que você pode ser longe de mim, medo do que eu não vou ser longe de você.
E respiro fundo todas as vezes que me lembro que a cada dia que passa, terei uma a menos perto de você.
Respiro novamente, dor.
Coração fica doído, os olhos também.
Como deve ser a sensação de não sentir arrepio quando me olha? e não sentir meu coração pular quando apenas me sento perto de você.
Deve ser exagero, mas acho que não consigo viver longe dos olhos amendoados, sombracelha grossa, sorriso congelante.
Não sei, confusão.
Confusão com tantas dúvidas e medos.
Porque estou sofrendo tanto assim? duvida.
Dúvida de tantas coisas.
Lembranças, essas são as piores.
Não quero que vá e que nunca mais se lembre de mim.
Não quero que seu perfume se apague das minhas lembranças.
O seu calor.
Não quero imaginar te ver andando com sua mala na mão, sem amanhã estar aqui.
Choro, todas as vezes que penso nisso.
Te amo, com a paciência e falta de amor próprio.
Te quero bem, muito bem. Melhor que eu.
Abraço, despedida, tchau.
Penso baixinho "não se esqueça de mim"

Vazia

Venho pensando num jeito, fórmula de sentir asco e nojo. Coisa que não consigo sentir. E eu queria enfim me livrar do fardo que é carregar tudo isso, sim! tudo se tornou um fardo e sinto que minha hora passou. Sinto medo. Medo de nunca conseguir me livrar da dor que você me causa e da raiva que nunca consegui sentir. Medo da minha vida continuar parada, estática e não andar. Não andar como não anda a quase 5 anos. Medo de um outro cara aparecer e eu tentar me envolver e no terceiro mês dizer 'Não dá, tenho outro amor e não sinto que faço certo com você' Medo de tudo que me lembra a sua frieza fácil, sorridente para mim. Medo de carregar todo esse amor para o resto da vida e não saber o que é felicidade a dois. Medo de me trancar pra todos e só me afastar pra sempre. Medo da minha falta de vergonha na cara, que continua presente. Sinto medo de tudo ultimamente. Sinto mágoa de tudo e só choro. Choro de saudade, de tristeza. Choro porque meu primeiro nome é fraqueza e o segundo é falta de amor próprio e tenho plena convicção de que amor a mim mesma é o que falta. Feio admitir isso, doído admitir também. Mas ando franca e mente aberta pra mim mesma. Passa? vai passar1 quantas vezes ouvi isso e nada passou, só aumentou. Me respeitar, preciso me respeitar.

domingo, 1 de abril de 2012

Um brinde, aos homens da minha vida.

Engraçado como todos os blogs, textos e afins por mais libertadores acabam no tom de dor que um homem pode te fazer sofrer.
Eu mesma, tenho esse blog pro meu desespero ser escrito e enfim sair do meu peito.
Mas agora eu mesma vou agradecer a esses homens; Homens LINDOS, com aquele cheiro de nivea men, simples e que explicam as coisas sem rodeios.
Não são santos, mas eu pergunto e nós mulheres viveriamos sem aquele olhar canalha, aquela voz grossa seja pelo celular ou no seu ouvidinho mesmo?
Aquelas mãos enormes que movimentam nossos quadris do jeito que mais gostoso que podem fazer?
E a barba, aquela grossa que roça na nossa nuca, rosto e ombros.
Convenhamos, ser amiga de um homem é muito mais simples graças as suas diretrizes, seus modos objetivos e diretos de levarem a vida.
Gosto dos homens e sinto um pouco de inveja pela nobreza do toque em nossos seios, cabelos, pernas e etc. Gosto também pela falta de preocupação em "arrumar alguém" ou você querido(a)já viu alguma vez nessa vida algum homem desesperado por estar sozinho? eles dão é graças a Deus e eu acho graça.
Homens são encantadores pelo jeito que nos olham nos olhos por mais que não exista qualquer relação de amor.
Alguns bem inteligentes e isso nos encanta de verdade.
Outro ponto a favor são aqueles homens altos, que com um abraço te tomam o corpo todo, homens comem sem se preocupar com a dieta, bebem cerveja e xingam alto e nos pedem desculpa por ter ouvido um "nossa que mulher gostosa que está passando ali" como se isso fosse afetar a nossa safadeza desmentinda numa timidez sem tamanho.
Homens não fiquem bravos com nosso jeito de levar um não. O não para vocês é só a pontinha do "eu quero e consigo" para nós o não é simples " não, ele não me quer e nenhum mais irá querer"
Homens lindos, nos ensine o segredo para nos tornamos despretenciosas, e nos diga mais vezes que nos prefere de rabo de cavalo, calça jeans surrada, rimel e blush.
Aos homens da minha vida, de caráter e aos que não sabem o que isso significa mas que mesmo assim, nos serve para aprendizado.
Um brinde á vocês.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Consideração

Já tinha um mês e resolvi ir nessa festa com cara de festa que você vai. Toda pessoa de 1,90 que entrava eu achava que era você. Assim como acho quando estou na rua, no supermercado, na fila do cinema, dormindo. Virei uma caçadora de pessoas cacheadas. Virei uma caçadora de você em todas as pessoas. Então você chegou na festa. E eu apenas sorri e sorri e sorri. Porque era isso. Eu queria te ver apenas. A dor numa caixinha embaixo dos meus pés e eu mais alta pra poder te abraçar sem dor, perto da sua nuca e por um segundo.
Eu te acho bonito de formas tão variadas e profundas e insuportáveis. Eu vejo você parecendo um leãozinho no fundo da festa. Suando e analisando. O rei escondido escolhendo a presa que não vai atacar. Com sua eterna tristeza cheia de piadas afiadas. Suas facas afiadas de graças para defender as tristezas que nadam baixas nos seus olhos de quem não quer fazer mal. Mas faz. Seus olhos. Em volta um riozinho melancólico e no centro o sol feliz e novinho chegando. E tudo isso vem forte como um soco de buquê de flores de aço no meu estômago. E eu quero ir até você e te dizer que eu sei que você desmaia quando faz exame de sangue. E como eu gosto de você por isso. E como eu queria tirar todo meu sangue em pé pra você jamais cair. E como eu gosto de você por causa do e-mail que você mandou pro seu amigo com problemas. Como gosto quando você lembra de alguém e precisa demonstrar naquela hora porque tem medo da frieza das suas distrações. Suas listas de culturas e atenções.
Os vasinhos. Os vasinhos coloridos da cozinha me matam. A história do milagre que te salvou da queda da estante. Você arrepiado falando em anjos. Essas suas delicadezas em detalhes dormem e acordam comigo. Acariciam e perfuram meu peito vinte e quatro horas por dia. Uma saudade dos mil anos que passamos, ou das três semanas. A loucura de gostar tanto pra tão pouco ou simplesmente a loucura de tanto acabar assim. Fora tudo o que guardei de você, me restou a consideração que você guardou por mim. Sua ligação depois, quando me encontra. Sua mão estendida. Sua lamentação pela vida como ela é. Sua gentileza disfarçada de vergonha por não gostar mais de mim. A maneira que você tem de pedir perdão por ser mais um cara que parte assim que rouba um coração. Você é o mocinho que se desculpa pelo próprio bandido. Finjo que aceito suas considerações mas é apenas pra ter novamente o segundo. Como o segundo do meu nariz na sua nuca quando consigo, por um segundo, te abraçar sem dor. O segundo do seu nome na tela do meu celular.
O segundo da sua voz do outro lado como se fosse possível começar tudo de novo e eu charmosa e você me fazendo rir e tudo o que poderia ser. O segundo em que suspiro e digo alô e sinto o cheiro da sua sala. Então aceito a sua enorme consideração pequena, responsável, curta, cortante. Aceito você de longe. Aceito suas costas indo. Aceito o último cacho virando a esquina. O último fio preso no pé da minha cama. Não é que aceito. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros. Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade. Aceito apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação se calam para ver você passar.

Tem que ser na RAÇA!

Num dia comum de uma terça-feira meia boca, sai do trabalho e passei a olhar a rua, as pessoas com outro olhar.
Me deparei com pessoas, umas bem vestidas e outras nem tanto, mas, todas no mesmo lugar, no mesmo ônibus.
Engraçado e intrigante o comportamento de tantas pessoas diferentes. O que se esconde por trás de tantos olhares cansados, drámaticos e alguns inertes e acostumados a tal rotina do ônibus lotado? mães que deixam os filhos com babás, titias, vizinhas e etc; donas de casa que já ao saírem pensam no que farão no jantar e os maridos? se preocupam tanto com as finanças, com a vida melhor pros seus filhos que cabelos em alguns já não existem a muito tempo.
Uns dão bom dia ao motorista, outros fingem ou não dão importância a essa classe que ás 4 da matina já estão lá, sentados dirigindo tantas vidas, idas e vindas.
Os trabalhadores, ricos ou pobres carregam uma grande missão a de carregar um Brasil lindo nas costas, graças aos impostos mantidos até numa simples bala juquinha.
E parece não importar, tanta garra, tanta luta.
Só nos basta a indignação aos governantes um olhar mais carinhoso a essa classe que vai na raça mesmo acordar ás 5 da manhã e chegar sorrindo ao trabalho.
Parabéns trabalhadores brasileiros, vocês são incríveis

terça-feira, 20 de março de 2012

Quem tem que ficar, fica!

Semana passada ela ligou pro seu melhor amigo e o convidou para um programinha. E eles não se falavam desde o aniversário, quando tudo deu errado. De tempos em tempos somem, falam umas coisas horríveis um pro outro. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal.
E foram. Como sempre foi aquela delicia, vergonha e encantamento com tudo que ele falava detalhadamente, o olhar dele de " poxa porque ela me olha mole assim?"
Incrível como tudo o que eles fazem juntos tem bom rendimento e boas risadas.
Por fim ela se lembrou o quanto é bom sentir a sensação do seu coração tão calmo.
E voltou a sentir o soninho do sofá de casa com manta que sente ao lado dele. Eles não se beijam nem nada, mas quando se dão conta um pegou na mão do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tiveram seus tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluíram para esse "cuidar" que não sabem explicar. Ele a conta das meninas, e ela conta dos caras. Ela acha engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto, sem sal, sem atitude, sem tudo" e olha pra ela querendo penetrar no que ela está pensando. Ele também ri quando ela diz "ah, ele não entendeu nada, só quis me fazer de palhaça ou pior me comer mesmo" e olha pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Entre eles não existe ciúmes e nem posse porque são pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase cinco anos. Ela pensa "Somos pra sempre". Ele conta das fotos de lingerie de uma gostosa que vai fazer e ela estremece, ela fala da tentativa de faculdade, dos seus medos. Os mesmos de mil anos. Contar e sem pressa de acabar. Se ele a corta é como se a frase que ela fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se o silêncio pudesse continuar lhe vendendo como uma boa pessoa.
São cinco anos. É isso. Ele a viu de cabelo curto enrolado e achou horrível. Ela se lembra bem dele, com aquele boné inseparável e horrível de tão velho.
A sua maior tristeza é que todo novo amor que arruma vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E sofre porque com pouco tempo não consegue ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dá tempo de ser muito para esses amores porque sempre os estraga antes. Mas aquele melhor amigo é seu único amor. O único que conseguiu. Porque ele sempre volta. E seu coração fica calmo. E ele vai com ela na pizzaria e todos seus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora o seu melhor amigo. E ela o ama. E os dois sempre acabam suspirando aliviados e pensam "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez riem da piada que inventam, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é o presente e também o medo dessa fase gostosa acabar. E tudo ficar tão terrível de saudade de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O balanço

E me lembro de você em todas as portas e janelas abertas em que a sorte teima ou não em entrar.
Deito no colchão de plumas de frente pro céu azul cheio de nuvens daquelas de algodão onde se vê formas de bichinhos e afins.
E me deparo com aquela história daquele dia.. você chegando no seu carro que não é seu, com aquela blusa rosa e aquele fone idiota no ouvido, a vontade era de jogar você morro abaixo.
Me lembro do quanto era engraçado você roncando a madrugada e eu falando durante o sono..
E quando esqueço qualquer coisa ai e você diz "ei, esqueceu alguma coisa?" e a minha vontade é de dizer " esqueci sim! esqueci você" e quando ainda você diz "tem coisa sua aqui no quarto?" e eu tenho vontade de dizer "tem, tem sim.. tem você"
Eu sempre tive a impressão que fui sua por várias horas do dia, mas combinamos por fim que não era amor, nem cacete algum.. apenas duas pessoas que não tinham nada melhor para se fazer do que tentar afogar as vontades/ carências e qualquer palavra apelidada de medo da solidão.
Você me levou pra sair, me buscou em casa pra comprar remédio na farmácia, nos sujamos de tinta azul céu e o caralho a quatro, eu cheirei meu travesseiro pra saber se tinha seu cheiro embrulhado nas entranhas das lembranças que é estar ao seu lado.
Você abriu meu refrigerante fanta uva e eu fucei seu quarto esperando algo meu ali.
E esperei dar a vontadade de ir embora do seu universo mais isso nunca aconteceu.
Ao pegar o ónibus e morrer afogada de tantos pensamentos turvos eu quis por que quis fazer o tal do "balanço" o balanço do se vale a pena tudo isso..
E olha que pensar em você e rir em quase os 50 minutos da viagem me fez perceber que o "balanço" que não é do onibus, mas sim de você, enfim vale a pena.. sabe porque? você é bonito, seu abraço é quente, seu sorriso tem mil quilômetros iluminados, seu humor me faria rir 100 encarnações e você é bom em tudo, mesmo não querendo ser bom em nada. Seu coração é gigante, tão gigante que você, por medo, prefere a superfície. Eu segui pensando em toda a viagem cheia de buracos e redesenhando cada dobrinha da sua pele, cada cheiro escondido dos seus cantinhos, cada cílio torto, cada risada alta, cada deslumbre puro com a vida, cada brilho nos olhos quando o mar estivesse bonito demais. Cada preguiça, cada abandono, cada estupidez, cada limitação, cada bobeira.
Fora que você ainda me ajuda a querer me vingar dos homens estúpidos que me fizeram de palhaça..
Lembro do nosso vídeo favoritado no you tube e isso é a sua cara, rir tanto até a barriga doer por puro êxtase.. você me encanta pois tem 28 com a alma de 17 e isso é bonito de se ver..
Bonito de se ouvir, ouvir suas canções e o jeito em que rodeia TUDO pra explicar porque diabos a filha da puta da agulha sem ponta caiu no chão.
Como combinamos que não era amor,e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa foto, boa idéia, bonito texto, bonito sapato” vou rir quando você falar das suas meninas.. dar força e dizer pra mim mesma sempre "não tem ninguém aqui dentro de mim"
E o balanço enfim tem a razão de valer sempre a pena.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A sorte é sua e o azar é todo meu

Eu jurei nunca mais escrever sobre o meu eu..
Como? se me lembro de você todas as vezes que olho para dentro de mim..
Se me lembro daquela briga estúpida na escada e no outro dia o sms de desculpas.
E meu coração fica sem freio quando leio seu nome na tela do celular.
Meu coração se aperta cada vez que me lembro de você na minha casa sem embolso e desajeitada que não parecia te incomodar, como a poeira do seu quarto não me atingia nem um pouco.
Saudade do ovo mexido com mortadela, do violão que eu cismava em bater claro que sem querer.
Saudade do abraço e das preocupações diárias.
Tudo isso faz falta.. até do mau humor e grosserias diárias.
Como não chorar ao ouvir The Hardest Part? como esquecer do seu ombro amigo ou do abraço que me fazia sentir incrivel?
Como passar as horas sem os papos bobos de todo dia?
Não devia me acostumar, não devia voltar atras e desculpar todas as suas idiotices.Muito menos dizer que sem você, Coldplay fica sem graça, que quando chega 17:30 é chato pois não tem você reclamando do trânsito.. até os domingos são chatos porque não tem você falando do pânico na tv..
A sorte é sua e o azar é todo meu.