segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A estupida viagem

Acordo, tomo água. Me deito tomo lembranças. Sonho onde tudo que foi passado também foi um sonho. Me encanto, me alegro. Convenhamos, não sou de ferro. Mas me desespero, me entorpeço a cada música cantada com um tom de você, me mato aos poucos como o alcoólatra ou o fumante. Eu morria de medo de tudo, medo de onde poderiamos chegar. Sonho te vendo tão longe, tão avesso ao que foi. Não dói tanto, a diferença que hoje o que eu achava ser dor é como uma grande cratera na terra. Escura, negra e vazia. Não vou dizer que sou tudo isso, mas sinto tudo isso. Fomos tão longe. Pena não ser uma viagem a Paris, pena. Fomos longe, tanto que pra onde fomos não existe passagem. Fomos para o mundo da burrice, da estupidez. Guardo seu bilhete com o número do ônibus que deveria pegar até hoje. Guardo cada não, cada humilhação pra ver se me sinto tão forte, mas nada resolve, nada muda. O Rio continua o mesmo, lembrando cada andança minha num mundo onde o seu já não é meu. Onde ser feliz se tornou obrigação e não opção. Me acostumei a não falar horas e horas por ai com sua parte boa da história. Sonho e estou no seu quarto azul céu procurando algo meu ali, procurando aquela carta cheia de tudo, confusa e onde prometia lhe amar por tanto tempo, ou mais até do que prometi. Não achei, não achei as palavras mais sinceras e mais difíceis que escrevi. Não quero cumprir essa promessa ' sempre te amei, mesmo quando não tinha trabalho descente, te amei ontem, hoje e para sempre' estou me esforçando para não cumprir minha palavra. Acordo, cigarro, rede, lagrima e cratera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário