Acordo, tomo água. Me deito tomo lembranças. Sonho onde tudo que foi passado também foi um sonho. Me encanto, me alegro. Convenhamos, não sou de ferro. Mas me desespero, me entorpeço a cada música cantada com um tom de você, me mato aos poucos como o alcoólatra ou o fumante. Eu morria de medo de tudo, medo de onde poderiamos chegar. Sonho te vendo tão longe, tão avesso ao que foi. Não dói tanto, a diferença que hoje o que eu achava ser dor é como uma grande cratera na terra. Escura, negra e vazia. Não vou dizer que sou tudo isso, mas sinto tudo isso. Fomos tão longe. Pena não ser uma viagem a Paris, pena. Fomos longe, tanto que pra onde fomos não existe passagem. Fomos para o mundo da burrice, da estupidez. Guardo seu bilhete com o número do ônibus que deveria pegar até hoje. Guardo cada não, cada humilhação pra ver se me sinto tão forte, mas nada resolve, nada muda. O Rio continua o mesmo, lembrando cada andança minha num mundo onde o seu já não é meu. Onde ser feliz se tornou obrigação e não opção. Me acostumei a não falar horas e horas por ai com sua parte boa da história. Sonho e estou no seu quarto azul céu procurando algo meu ali, procurando aquela carta cheia de tudo, confusa e onde prometia lhe amar por tanto tempo, ou mais até do que prometi. Não achei, não achei as palavras mais sinceras e mais difíceis que escrevi. Não quero cumprir essa promessa ' sempre te amei, mesmo quando não tinha trabalho descente, te amei ontem, hoje e para sempre' estou me esforçando para não cumprir minha palavra. Acordo, cigarro, rede, lagrima e cratera.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
A estupida viagem
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