quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Minha bagagem e você.


Hoje eu acordei com vontade de te ver, já faz tanto tempo que até assusta. Me assusta não saber nada de você 
E não ter com quem falar de mim, não ter com quem sorrir das minhas bobagens.
Eu mudei o meu cabelo me tatuei, troquei de carro e de amor .
Tenho alguns bons amigos e ainda me sinto tão só.
Trabalho tanto e mesmo assim, me lembro tanto de você.
Porque minha vida precisa ser o tempo todo assim, as pessoas veem e vão de mim, da minha vida. E eu choro escondida pra parecer uma grande mulher. Sim, eu minto.
Tenho tantos medos quanto todas as meninas que chamo de pirralhas.
Só sei que agora, seria bom andar de mãos dadas com você novamente, e sentir meu coração pular como pulou aquele dia. 
Só queria ser mais auto suficiente. Ser menos dependente dos meus cachorro, dos meus amigos, da cerveja e cigarro e de você. 
Ser menos trabalho e mais diversão, mais vida e menos responsabilidades com todos os cabelos brancos, contas a pagar. Só queria mais você em minha vida, mais seu sorriso lindo que só de lembrar arrepia minha espinha, mais seu jeito de falar engraçado, mais seu jeito de me abraçar apertado.
Um dia, quem sabe eu viro nômande e ando por esse mundo afora, com você na minha bagagem, nas minhas noites e dias, na minha cama dividindo meu travesseiro e meu café da manhã.
É, mais você com toda a certeza, seria o melhor jeito de levar a minha vida.

sábado, 20 de julho de 2013

Clichê

Deito na cama depois de uma conversa com uma amiga, e o assunto é sobre o amor.
Penso, ligo o celular e começo a escrever pra inspiração não fugir com outros assuntos e sonhos.
Pausa: café e cigarro.
Retorno: e penso no que disse a ela 'estou bem como nunca me senti'
Estou até, mas falta algo, falta o coração pra preencher.
Não amar ninguém, não sentir vontade de estar com ninguém. Isso é normal? não sentir suspiros demasiados, cheiro de pele que me embriagaria mesmo estando na mais saudável das formas etilicas?
É saudável sentir nada, não admirar ninguém e mesmo assim não conseguir dormir bem a noite?
Não devo, nunca matei nem roubei e mesmo assim o sono demorar a vir, fumo uns quinhentos cigarros (mentira, até do cigarro tenho enjoado)
Estou bem, mas tenho a sensação de que falta um pedaço.
Não tem nada a ver com a mesquinhez do meu último relacionamento fadado ao fracasso desde o dia que começou.
Juro que pra estar bem eu espero de verdade que esse ser seja feliz, na puta que pariu mas que seja feliz.
E se não é por isso, porque a sensação de sempre faltar algo?
As vezes o ser humano precisa dos motivos mais clichês pra viver, pra se sentir de carne e osso. Uma necessidade de se mostrar bem, papo cabeça, cheio de idéias, cheios de sorrisos vazios, cheios de vazio, cheio de palavras ensaiadas pra nada.
Para NADA o mesmo nada que ando sentindo, sem pele, sem olhares e também sem clichês.
Sendo assim nessa lógica, eu sinto o certo? O não sentir vontade de ser clichê?
Pause: café, cigarros e pensamentos.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Apegue-se


Dizem alguns filósofos e também os budistas: o apego é a causa de todas as nossas dores emocionais. Concordo, mas faço ressalvas. O apego também provoca inúmeras alegrias e satisfações.
Não faz sentido evitar filhos paixões e amizades a fim de se proteger de tristezas preocupações e frustrações. Passar uma vida inteira desapegada da pessoas seria entregar-se ao vazio
existencial – e nunca ouvi dizer que isso gerasse bem-estar.
Desapegar-se em troca de paz é uma falácia, só demonstra covardia de viver.
Não haveria um caminho do meio? Xeretando ainda mais os livros, encontrei algo do romeno Cioran que me pareceu chegar bem perto de uma saída para o impasse. Diz ele que a única forma de viver sem drama é suportar os defeitos dos demais sem pretender que sejam corrigidos.
Eis aí uma fórmula bem razoável para não se estressar.
Apegue-se, tudo bem, mas com 100% de tolerância. Em tese, é perfeito. Em menos de poucos segundos, consigo listar tudo o que me incomoda nas pessoas que mais amo.
Conseguiria listar também o que me faz amá-las, é claro, mas o ser humano veio com um chip do contra: os defeitos dos outros sempre parecem mais significativos do que suas qualidades.
Depois de um longo tempo de convívio, aquilo que nos exaspera torna-se mais relevante do que aquilo que nos extasia. Pois a recomendação é: exaspere-se, mas saiba que não vai adiantar.
Nada do que você disser, nenhuma cobrança, nenhum discurso,nenhuma novena, nada fará com que os defeitos do seu pai, da sua mãe, do seu marido, da sua mulher ou dos seus filhos desapareçam num passe de mágica. Assim como os seus também jamais evaporarão, por mais que os outros rezem e supliquem pra você deixar de sertão ........... (preencha os pontinhos).
Você é capaz de reconhecer seu defeito mais insuportável?
Só mesmo passando uma longa temporada num mosteiro do Tibete para desenvolver a capacidade de aceitar tudo o que nos tira do sério.
Seu filho indiferente, seu marido pão-duro, sua mãe mal-humorada, sua amiga carente, seu chefe durão, seu zelador folgado, sua irmã fofoqueira, seu colega chatonildo – imagine que paraíso se pudéssemos relevar essas e tantas outras diferenças, comungando com os defeitos alheios sem nunca mais esperar que os outros mudem.
Deixar de esperar é uma libertação.
Pois não espere mesmo, pois ninguém vai mudar nem um bocadinho. Nem você, nem aqueles que
você tanto ama, por mais que você pense que é fácil alguém deixar de ser ranzinza, orgulhoso ou o que for.
Aceite todos como são e,aleluia: drama, nunca mais. Se conseguir, tem um troféu esperando por
você, além de prêmio em dinheiro e uma foto autografada do Buda.

domingo, 21 de abril de 2013

Declarando a saudade

00:56, 1:12.. Dezesseis minutos pensando numa declaração e numa  forma de dizer 'ei, sinto saudade'
Saudade, tá ai uma palavra tremendamente filha da puta.
Principalmente pra cancerianos carentes banhados com um belo repertório: Chico Buarque.
A dias tenho o mesmo sonho, eu na candelária, me despedindo e abraçando uma camiseta ridícula, entrando no taxi, e sorrindo em seguida. Depois eu e ele nos abraçando novamente, eu saindo do taxi, entrando no ônibus e chorando: sabia que seria a última vez que o veria.
Me apego a esse sonho, meus olhos borrados num dia chuvoso com a saudade que já seria a minha companheira.
Lembro-me bem dos seus olhos, da nossa conversa no bar e a minha insistência em não olhar em seus olhos e entregar tudo: a certeza que tive quando te vi, a certeza que nasci no corpo errado, a certeza que nasci na cidade errada ou a certeza que gosto do cara errado.
Tenho certeza de que mesmo com toda a distância é você o cara estranhamente babaca que me faria acordar diferente todos os dias e mesmo assim te admirando e ainda sim me virando a alma umas mil vezes ao dia.
Me faria sair dessa cidade que amo sem a mínima culpa, me faria sentir o frio na barriga que todo mundo sente quando se arruma pra encontrar quem se ama, me faria viva, me faria feliz no mesmo tanto que me fez só ao pensar em te conhecer.
Eu, aqui te sigo, te sinto nas piores horas de completa reclusão e solidão, e sempre caminho contigo mesmo sem você sentir, mesmo sem você querer.

E no fim de uma noite frustante e feliz, ele disse depois de um sorriso enorme para a foto que viria para a posteridade 'isso tudo já é saudade?'
Ela disse apenas 'sim, isso já é saudade'
E continua sendo.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Nós

Poucas pessoas gostam de viajar sozinhas. O que é compreensível: a
melhor modalidade é a dois, também acho.
Mas, na ausência momentânea de parceria, por que desconsiderar uma
lua de mel consigo mesmo?
Uma amiga me disse que não é por medo que as pessoas não viajam sozinhas, e sim por vergonha. Faz sentido: numa sociedade que condena a solidão como se fosse uma doença, é natural que as pessoas se sintam
desconfortáveis ao circularem desacompanhadas, dando a impressão de
serem portadoras de algum vírus contagioso. 

Pena. Tão preocupadas com sua autoimagem, perdem de se conhecer mais
profundamente e de se divertir com elas próprias.
Solitários, somos todos, faz parte da nossa essência. Não é um defeito de
fabricação ou prova de nossa inadequação ao mundo, ao contrário: muitas
vezes, a solidão confirma nossa dignidade quando não se está a fim de
negociar nossos desejos em troca de companhia temporária. 

E a propósito: quem disse que, sozinho, não se está igualmente comprometido?
Numa viagem a sampa, um casal se aproximou. Começamos a conversar. Lá pelas tantas, perguntei de onde eles eram. “De Porto Alegre, e você?”
Respondi: “Nós, do Rio de Janeiro ”. Nós!!! Quanta risada rendeu esse ato falho. 

Eu e eu. Dupla imbatível, amor eterno, afinidade total.
Se você não se atura, melhor não viajar em sua própria companhia. Mas se
está tudo bem entre “vocês”, saiam por aí e descubram como é
bom sentar num café num dia de sol, pedir algo para beber enquanto lê um bom livro, subir até terraços para apreciar vistas deslumbrantes, entrar em lojas e ficar lá dentro o tempo que desejar, entrar num museu e sair dali quando bem entender, caminhar sem trajeto definido nem hora pra voltar,
pedalar ao longo de um rio ouvindo suas músicas preferidas no iPod, em conexão com seus pensamentos e sentimentos, nada mais.
Vergonha? Senti poucas vezes na vida, quando não me reconheci dentro da
própria pele. Mas estando em mim, sob qualquer circunstância, jamais estarei só.