quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O começo do fim.

Durante anos inteiros da minha vida eu não me conheci em nada que pudesse de verdade me fazer aquietar meu coração. Tudo foi turvo e bravo como as ondas do mar. E eu tentei mudar o curso dessas ondas que arrebentariam e com certeza iriam provocar inundações não apenas em minha alma mas em tantas outras.
O que me falta é a lucidez para manter os pés no chão e caminhar, sem medo do antes e do agora também.
Mas é dificil por em prática todas essas coisas sem olhar pra traz é dificil caminhar sem as mãos dadas a mim.
Sinto dores no abdomen, diárias e elas não são as piores. Sento no ônibus e choro todos os dias, alguns perguntam se sinto algo, se sinto dor. Sempre tenho vontade de dizer - Sinto  sim (apontar pro coração) e dizer, sinto aqui. Mas digo sempre - está tudo bem.
Eu sempre digo que está tudo bem, mas não consigo entender. Não consigo entender a frieza das pessoas, a falsidade estampada sorrindo para mim, a falta de amor, o não respeito a minha dor, as pessoas me vêem mas não me olham por dentro, as pessoas as que mais amei duvidam de mim, da clareza em meus olhos, da dor que carrego, das olheiras pertinentes, elas não enchergam a verdade.
Eu sinto medo, e ele me aprisiona ao passado, me aprisiona dentro de mim. E eu queria que todos entendessem essa dor, esse medo de nada ir pra frente como não vai, tenho medo dos olhares que me julgam e me fuzilam todos os dias, tenho medo de ter tanta dor e ninguém entender e ninguém sentir e ninguém perceber. 
A culpa foi minha, não deveria atender aquela primeira ligação me chamando a sua casa, com aquele vestido vermelho estúpido, não deveria ceder naquela noite de 2010, não deveria ir, não deveria fazer, deveria ser a mulher que nunca fui, a mulher linda que você sempre desejou, a mulher forte que sempre sonhou, a mulher magra de cabelos longos e negros. Eu queria ser melhor, eu queria ser alguém que não sou.
Acordo todas as madrugadas, fumo 5 cigarros seguidos e o gosto é amargo. Amargo como a minha alma se tornou. Sinto medo de não ser feliz, sinto medo de viver assim.
A culpa foi minha, foram 2 anjinhos em minha vida e eu os joguei num saco de lixo negro, negro como minha alma.
Sinto vontade de bater na sua porta e chorar tudo que tenho e ai sim, você ter idéia da dor que é carregar 2 cenas como as que carrego. Sinto vontade de gritar, berrar mas a voz falha o medo me cala.
E eu sonho com elas, sonho com eles me pedindo ajuda, mas sou muito fraca pra te contar, sinto sombras negras perto de mim, sinto pessoas me rondando, sinto medo.
Sinto que minha hora passou e queria que fosse verdade.
Não sei o que Deus quer de mim, me fazendo ficar aqui, sentindo tanto tormento, tanta falta de paz. Chego em casa e vejo uma razão pra não desistir, vejo a Carol o milagre divino bem pertinho de mim, rindo sem dentinhos, subo, paro, penso e o medo volta a dor também.
Vejo a foto do Felipe, a criança mais doce que conheço, a criança que se transformou no meu filho, pois o meu amor por ele é um amor de mãe. E ele não me faz desisti.
Dói. Dói a alma, dói o coração e nunca pensei que existiria uma dor assim, sinto falta de um afago e de um - Vai ficar tudo bem. Sinto falta de um abraço e de um - Eu entendo sua dor.
Sinto falta da minha mãe, sinto falta da minha Vó com quem sonho toda noite com o olhar aflito, com os olhos cheios de lágrimas. Sinto falta do meu vô que no ano passado me deixou. Sinto falta da minha velha infância onde brincar era a melhor coisa a se fazer, Sinto falta da minha amiga Rafaela que nasceu comigo e a leucemia a levou.
Sinto que esse é só o começo do fim.
E eu nunca em minha vida achei que me sentiria assim.