segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Verão

A quase um verão eu me apaixonei, novamente e pela segunda vez. Eu vi o seu sorriso enorme, sorrindo e debochando de um show. Naquele momento eu queria saber mais dele, não sei se pelo álcool ingerido ou pelo desespero de me sentir viva novamente. Naquele dia não deu. Fui para um lado e ele eu não sei para qual foi.
Dias depois eu não tinha me esquecido dele, isso não podia acontecer. Eu só simplesmente deixei para lá. Tão derrepente ele aparece e eu que não sabia o que dizer apenas sorrir (do lado de cá) e trocar idéia, idéia essa muito boa.
Numa tarde/noite de um verão tão intenso nos programamos e nos encontramos. Senti o calor do seu abraço e de um beijo roubado. Lembro de exatamente tudo, sua roupa: uma blusa listrada, uma calça (um tanto quanto larga) e um cinto que não parecia apertar nada. Lembro do sorriso e da forma que me tocava. Não sei medir a exatidão daquele momento, nem das tantas emoções.
Banhados a álcool, fomos pra casa, dormirmos juntos e eu senti ali o quanto eu queria tudo aquilo. Para mim foi uma das melhores coisas que podia e sabia fazer naquele verão.
As coisas aconteciam depressa (apenas para mim) mas tudo bem. Tudo podia ser deixado como era, tirando o fato de que eu estava apaixonada.
Esse verão foi vivido intensamente e me fez duvidar da primeira vez que me apaixonei, me perguntava todos os dias se em toda minha vida eu amei de verdade (como me pergunto se isso agora que escrevo um dia foi amor). Eu não queria perder, essa é a verdade.
Contei tudo para ele, do sentimento, do medo e a resposta foi negativa. Ele me deu um tapinha nas costas e me mandou viver nesse mundo enorme. Não o julgo, ele fez o seu melhor, ele se abriu pra mim (mesmo não conseguindo ser o máximo sincero) e eu senti orgulho disso. Se abrir pra ele era como sair da prisão depois de 21 anos sem a luz do sol.
Assim que o verão acabou, tudo nosso também se foi. O outono chegou e com ele me trouxe a falta, saudade, desespero e a insanidade.
Nesse outono eu me senti perdida, no inverno também. Senti medo, me senti como num penhasco pronta para pular, mas aqui não existem penhascos e continuei dentro do ônibus, saindo para toda a vida que tenho.
Ele fez o seu melhor e eu consigo enxergar, por isso não consegui deixar de amar de estar por perto, eu mantive uma amizade peculiar com ele porque eu não imaginar a minha vida sem ele. Eu tentei ao máximo sufocar a mim e os meus sentimentos.
Nem sempre eu conseguia. Eu estava tentando dançar conforme a musica.
Largar mão dele era como largar o cigarro, era tão doloroso quanto descobrir que tenho uma doença terminal.
A primavera chegou e com ela a sensação de renovação que até agora não aconteceu. Tudo está correndo tão rápido, o verão está próximo e o suor dos nosso rostos e corpos parecem estar no mesmo lugar, a cor da pele dele parece tão viva ao lado da minha. O som do sorriso de satisfação, os murmurios e as tosses noturnas parecem estar aqui, até a paralisia do sono que aconteceu e me matou de quase desespero e me fez velar seu sono deitada no seu peito. As brincadeiras que me fazia, o carinho nos cabelos e o cafuné. As fotos que tiramos se perderam no tempo/espaço, mas não aqui no coração. Tenho ela ainda aqui, e fecho os olhos e lembro do meu sorriso tímido e do sorriso dele (que ele odiou) sinto-me melhor hoje, sinto que preciso amar, que preciso sentir o amor do mundo por mim. Sinto que devo lembrar-me apenas do seu sorriso. Apenas ele não me faz mal.
Aquele verão ele me fez sentir amada, me fez sentir inteira, dadas as circunstâncias da vida eu sei que nada pode ser por obrigação. Eu só sei que sinto-me no desespero de me esquecer desses momentos. Mas vai além de mim e de meus questionamentos. Esse tempo que logo completará um ano me fez alguém melhor. A sensibilidade sempre aflorada vez ou outra, se conteve.
Te agradeço, por quase um verão num sentimento que já não tinha ciência, te agradeço por ter feito o melhor que pode, te agradeço por seu ato de coragem e tudo que tentou da melhor forma que pode fazer por mim, nunca irei esquecer você, nunca conseguirei achar tamanha sensibilidade e bondade em alguém como achei em você. O sentimento que tenho e sinto aqui guardado, me fez crescer e digerir a vida e suas razões múltiplas de que nem sempre podemos ter tudo que queremos. Mas o orgulho que tenho de ti me faz ser alguém melhor. Me faz fechar os olhos e ouvir/ver o céu se abrindo para mim, me fazendo ser alguém melhor.
Eu nunca irei te esquecer.
Eu nunca irei esquecer aquele verão.
Eu sempre irei lembrar de quem eu era quando te conheci.
Eu sempre irei lembrar de quem você era e como mudamos e continuamos os mesmos.
Eu nunca senti amor e respeito pela vida do que sinto agora.
Talvez seja necessaria uma experiencia de quase morte para a gente se sentir vivo..

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